Mentiram para você: O mundo não é uma festa

Uma reflexão sobre a farsa do mundo moderno. Entenda por que você tem a sensação de que estão todos se divertindo, menos você.

REFLEXÕES SOBRE A VIDASOCIEDADE E COMPORTAMENTOPSICOLOGIA E COMPORTAMENTO

Psicóloga Janaína Gomes

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A ilusão de que o mundo é uma festa.
A ilusão de que o mundo é uma festa.

Você abre as redes sociais e lá estão eles: sorrisos congelados em filtros, vidas perfeitas emolduradas por viagens incríveis, jantares luxuosos e corpos impecáveis. Todos parecem estar em uma festa interminável. Todos, menos você.

Enquanto os outros parecem desfilar em uma passarela de conquistas, você se arrasta entre contas a pagar, prazos inalcançáveis e um vazio existencial que nenhuma série da Netflix consegue preencher.

Vivemos na era da ostentação emocional. Se antes as pessoas competiam por bens materiais, hoje disputam quem tem a vida mais feliz — ou ao menos parece ter. O resultado? Uma sensação paralisante de exclusão, como se você fosse o único ser humano fora dessa festa onde todos se divertem sem parar.

Mas aqui vai uma verdade incômoda: o mundo nunca foi uma festa. Ele é duro, confuso e, às vezes, brutalmente solitário. A ideia de que todos estão se divertindo enquanto você carrega seus fardos é uma ilusão fabricada por uma sociedade que teme admitir o óbvio — a vida é difícil para todo mundo.

Pense nas suas próprias dores. Aquelas que você nunca publica.

  • O trabalho que te sufoca: Você entrega mais do que pode, mas nunca parece ser suficiente. A sensação de que, a qualquer momento, pode perder o controle ou o emprego.

  • As relações que te esgotam: Parentes que esperam mais de você do que você pode oferecer. Um parceiro que parece distante ou exigente demais. Amigos que sumiram sem aviso, deixando um vazio onde antes havia companhia.

  • A cobrança interna que te devora: Aquela voz que insiste que você não é boa o suficiente, bonita o suficiente, capaz o suficiente. A sensação de que fracassou em atingir as expectativas que nem eram suas para começar.

Enquanto você tenta equilibrar tudo isso, o mundo segue dançando, ou pelo menos finge que sim.

Parte do sofrimento está na comparação. Você olha para os outros e pensa: Como eles conseguem? Eles parecem ter a energia que você não tem, as respostas que você nunca encontrou, a paz que parece tão distante.

Mas a verdade é que não vemos o palco inteiro. O que aparece é só o espetáculo cuidadosamente editado. As falhas, as frustrações, o medo? Esses são escondidos atrás das cortinas.

O mundo não é um parque de diversões.

A festa eterna que você imagina existir é, na verdade, uma metáfora cruel. A vida não é um parque de diversões onde todo mundo está rindo o tempo inteiro. É uma caminhada irregular, cheia de buracos, ladeiras e momentos de cansaço extremo.

Admitir isso não é pessimismo, é libertação. Quando você para de tentar se encaixar em um ideal inatingível, percebe que a vida, com todas as suas dificuldades, ainda tem beleza. Mas essa beleza não está nas luzes da festa; está no silêncio entre os ruídos, no esforço de seguir em frente, nos pequenos momentos de autenticidade que o mundo digital não capta.

Por que isso importa?

Porque enquanto você acha que está ficando para trás, o mundo real segue igual para todos. A dor que você sente não é exclusividade sua. E o vazio que você carrega é partilhado por muitos, ainda que ninguém fale sobre ele.

O mundo não é uma festa, mas também não é um deserto. Há caminhos a serem explorados, desde que você pare de se torturar pela ilusão de que precisa estar alegre o tempo todo.

Talvez o verdadeiro problema não seja a ausência de festa, mas a nossa incapacidade de valorizar o que temos fora dela. Afinal, quem disse que a festa é o único lugar onde vale a pena estar?

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